sexta-feira, 14 de janeiro de 2011


Após alguns meses sem dar as caras por aqui e com o meu blog já criando casinhas de aranha, decidi falar um pouco sobre o que Ela me fez sentir ontem. Ela. Aquela senhora pendurada em uma corda e sendo puxada por alguns vizinhos, enquanto a água destruía a sua casa e quase a destruía também. Ela que segurava um pequeno cachorro preto nos braços e não queria soltá-lo nem mesmo para salvar a própria vida. Ela que mal sabia dar um nó na corda em volta a sua cintura. Ela que desejava muito viver para criar os filhos, porque já tinha perdido a mãe e sabia o quanto eles iriam sofrer se não a tivessem por perto. Ela que lamentava apenas não ter conseguido suportar em seus braços aquele pequeno cão. Ela. Forte e corajosa. Foi por pouco, mas aqueles rapazes conseguiram fazer com que Ela continuasse vivendo. E agora? "Agora eu não sei como vou recuperar tudo outra vez", disse Ela.

A coragem dessa senhora, junto ao seu choro e gritos, me fizeram voltar aqui outra vez. Que cena! Que tragédia! Que sorte! Eu tinha ouvido alguns comentários sobre seu resgate, mas ainda não havia visto, até que decidi dar uma olhada na internet e encontrei o vídeo. Não lembro se chorei na primeira vez em que assisti. Porém, lembro que baixei os olhos quando o reproduzi na mente. Eu me senti culpada. Não me perguntem por que, pois acho que não saberia explicar. Ou saberia. Não sei.
Cada grito, cada lágrima e depois cada palavra sua, entravam no meu peito como furos feito por uma agulha. E eu só conseguia baixar a cabeça e vê-la. Por mais que eu não quisesse, eu só conseguia vê-la subindo por aquela corda. Na verdade fiquei feliz depois de alguns minutos de reflexão, só que logo vinha outra vez aquela sensação de culpa. As pessoas dizem que DEUS está castigando a humanidade e por isso tantas desgraças climáticas estão acontecendo no mundo. Sinceramente, não acho que devemos chamar esses fatos de punição. Todos nós sabemos, desde o ensino médio quando estudamos física, que "para cada ação, existe uma reação". É apenas isto. Simples assim. Nós modificamos o mundo à nossa maneira, e agora ele requer a sua verdadeira forma. A culpa é dos políticos que não cumprem suas obrigações de governantes? Sim. É. No entanto, ela é muito mais nossa, porque mesmo sabendo das agressões à natureza, que certos atos de nosso cotidiano causam, continuamos agredindo-a de forma tão idiota.

Dias antes de começarem esses desastres no Rio, eu fui ver um jogo do FLAMENGO master e o Botafogo master paraibano, aqui em João Pessoa. Enquanto assistia ao jogo, uma criança de, no máximo, oito anos perguntou pra mãe onde tinha um cesto pro lixo. A mãe olhou pros lados e com uma voz debochante e despreocupada disse: "Joga aí mesmo", se referindo ao fosso, aquele buraco que fica ao redor do campo para que os torcedores não possam ultrapassar. E o menino simplesmente se aproximou do buraco e atirou a garrafa. É uma pena, mas foi assim mesmo que aconteceu. As pessoas nunca vão se tocar das besteiras que fazem. Ou pode ser que se importem com isso, quando esses desastres maiores acontecem. Aí vão procurar cuidar do planeta: não cortar as árvores, jogar lixo no lixo, não desperdiçar água. Só que não vai adiantar muito começar a olhar pra trás a essa altura do campeonato. A humanidade tá perdendo o jogo, e por consequência das suas próprias regras. Não acho que exista mais tempo para mudar.

Quando faço todas essas críticas, não quero dizer que todo o mundo é assim e que não existem pessoas que se importem com a nossa causa, até porque, se fosse assim, essa senhora não estaria viva. As pessoas são displicentes. Não enxergam suas falhas. Mas foi pensando nisso, que hoje, quando almoçava, comecei a pensar em como os brasileiros realmente são solícitos com os demais. Cheguei a essa conclusão, porque lembrei do terrenoto que aconteceu no Haiti, ano passado. Tanta destruição. As pessoas de todo o mundo mandavam comidas e materiais necessários. Só que lá, o que acontecia era completamente diferente do que acontece aqui, no Brasil. Quando os alimentos chegavam ao país, as pessoas tentavam vendê-los e não distribuí-los. O que acabava resultando em brigas e várias mortes, por causa dos alimentos. Na verdade, não por causa do alimentos, mas pela forma com que as coisas eram levadas por lá. Nós ainda temos sorte de, mesmo estando vivendo em um país tão violento e com tanta corrupção, ainda podermos encontrar seres humanos de corações tão nobres, como os brasileiros.

É isso! Queria aproveitar aqui, também, para pedir às poucas pessoas que leem o meu blog, que façam a doação que lhe for possível para essas pessoas. Eu já fiz a minha e deixo aqui as contas para quem sentir vontade de fazer também.

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PREFEITURA DE NOVA FRIBURGO
Banco do Brasil
Agência: 0335-2
Conta Corrente: 120.000-3
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DEFESA CIVIL-RJ
Caixa Econômica Federal
Agência: 0199
Conta: 2011-0
Operação: 006
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CAMPANHA SOS SUDESTE
Banco do Brasil
Agência: 3475-4
Conta: 32.000-5
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Fotos: G1

2 comentários:

  1. Então, tá... Quando pudermos, joguemos a corda e puxemos forte. E se for o caso, cuidemos de atar bem os nós e segurar firme na corda.

    Não é assim?

    Beijo!

    Cadu Vieira

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  2. É assim mesmo, Cadu Vieira. A gente tem que saber reconhecer nossos erros e, o mais importante, aprender com eles. Quando a gente ajuda alguém, assim como esses rapazes ajudaram essa senhora, não fazemos mais que a nossa obrigação.
    É isso! Puxemos as cordas e atemos os nós.

    Beijos!

    Say Rodrigues (Né assim, agora?)

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