quinta-feira, 15 de abril de 2010

Momentos de loucura

"Porque me quebraste em mil pedaços..."
(L.U)


Ontem, quando cheguei do trabalho, tomei banho, enrolei meu corpo com a toalha e me joguei na cama, como faço na maioria das vezes. A cama é vizinha de uma das entradas de ar que existem no meu quarto, a janela. E foi dela, que não consegui desviar meus olhos durante várias horas, dentro daquela escuridão, formada por quatro paredes de cor gelada. Comecei a ter pensamentos bem loucos e soltos. Me imaginei escrevendo uma carta com aquela caneta que tem cheirinho de chiclete. Você lembra quando comprou para mim? Em seguida, fiquei produzindo um pequeno filme da minha morte. Nele, eu largava a toalha, sentava na janela, e pensava durante poucos segundos, antes de jogar o meu corpo, sem nenhuma gravidade, naquele chão sujo e quente. Ah! A carta que eu escrevi para você, estava amarrada no meu pulso com a fitinha lilás, que eu tanto gosto. Dentro de algum tempo você seria avisado, e iria me ver. Muitas pessoas, com certeza, já estariam lá. Comentários do tipo: "Por que ela fez isso? Ela era tão nova", ou até mesmo "Que linda ela era. Que corpo perfeito". Afinal, isso atrairia muitos curiosos, só que poucos se ajoelhariam e chorariam do meu lado, lamentando a minha morte. Dentre essas, queria que você estivesse lá, que gritasse, chorasse, recolhesse a carta do meu pulso, e fosse para o seu esconderijo, guardar as minhas palavras no seu coração. Depois você voltaria dentro da sua armadura, e avisaria para os meus pais e amigos mais próximos. Todos iriam querer um porquê, mas só você saberia. Porque você sempre sabe. Te faltaria coragem, quando chegasse a hora de responder a alguém; Nem para si mesmo, diria. Não pensei bem qual seria o conteúdo da carta, mas, com certeza, "ut oma para todo o sempre", estaria nela.

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