terça-feira, 27 de setembro de 2011

Havia alguém...


...para me ouvir comentar sobre alienígenas que apalpam bundas por cima da toalha, sempre quando ele acaba de tomar banho.

...para me pedir pra procurar os cartões, que ele sempre perde pela bagunça do quarto.

...para eu espremer contra a parede ou contra o sofá, na hora de dormir, e deixá-lo com, no máximo, 30% do colchão.

...para que eu possa encarar, de vez em quando, através do espelho, enquanto escova os dentes, fazendo-o sentir saudades de um tempo em que isso acontecia todos os dias.

...para me vestir com todas as roupas dele - calção, camisa e, às vezes, até cueca - pouco antes de ir dormir.

...para me mostrar seus novos sucos.

...para que eu possa escalar como se fosse o Everest mais divertido e sem riscos que existe.

...para me assustar - pode crêr, me assusta tanto, a ponto de eu ter colocado isso numa ficha de seleção de estágio - com uma cara de "o exorcista", que consiste apenas em mostrar, o máximo que ele puder, a parte branca dos meus olhos.

...para que eu possa mostrar um corte no dedo ou na mão e esperar ele perguntar: "Por que não colocar um bandeide". E aí eu respondo: "Não precisa. O corte é muito pequeno".

...para quem eu possa me vangloriar por algo que fiz e esperar ele dizer que eu não consegui sozinha, e aí eu dizer que foi sim, e esperar ele dizer que André me ajudou. Só que é mentira, porque André nem tava lá no quarto.

...para me chamar pluralmente de Sayonaras. Ou então, responder ao meu "Oi, meu bem", com "Oi, minha boa".

...para eu esperar, em um ponto de ônibus, ele sair do trabalho, só para irmos no mesmo ônibus para casa, pra faculdade ou para onde quer que fosse...


Havia alguém que me fazia feliz, mas esse alguém não "have" mais.

Adaptação do texto original de Cadu Vieira: "Não tem ninguém?!"
http://fragmentosdecotidiano.blogspot.com/2011/08/nao-tem-ninguem.html

sábado, 17 de setembro de 2011

Canto e penso...

Eu sou aventureiro e você não merece isso.
Eu tô comprometido em não me amarrar jamais.
Aliás eu tenho medo de sofrer,
antes que seja tarde então vamos parar com isso.

Não, não tem outro jeito já que está ficando sério.
É. Quando um não quer dois nunca formam um casal.
Eu tô mal só de pensar que vai doer,
antes que seja tarde então vamos parar com isso.

Eu nesse faz de conta,
meu coração desmonta,
teu coração padece,
isso me entristece.

Seu corpo quer um ninho,
eu, só voar sozinho,
sem metade de nada,
sigo por essa estrada.

É, o destino é quem vai saber depois,
se vamos viver sós ou pra nós dois.
Que o bom Deus lhe conceda amor e paz,
quem sabe eu volte um dia ou nunca mais.

O destino é quem vai saber depois,
se vamos viver sós ou pra nós dois,
que o bom Deus lhe conceda amor e paz,
quem sabe eu volte um dia ou nunca mais.


(Revelação - Aventureiro)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Devaneios!!


Desculpa, Nick. Me perdoa por estar te incomodando a essa hora, mas é que meus pensamentos não conseguem ficar em silêncio. Ontem pensei em te dizer tanta coisa, afinal, você é a única pessoa que realmente está todo o tempo comigo. Que vê minhas angústicas e inquietações. Ao mesmo tempo sei que nada do que está acontecendo é culpa sua, Nick. Nada!! Acho que quase tudo é por causa de mim, por causa do meu jeito idiota de amar as pessoas, de querer molda-las pra mim, sabe? Senti tanto a sua falta ontem a noite. Minha cama tinha um buraco semelhante ao da camada de ozônio. Acho muito errado você me deixar sozinha assim, sem falar nada, simplesmente desaparecer. Eu sei que você precisa dar atenção a ela. Soube que vocês foram ver a lua ontem lá de cima da montanha. Fiquei com um pouquinho de inveja, Nick! Não posso negar isso. Mas logo consegui dormir. Acredite! A noite foi atípica. Ela sempre é quando você não está. Nada de sono, nada de carinhos na orelha, nada de mão boba embaixo dos lençóis. Nada, Nick. Nada mesmo. Eu até tentei distrair o tempo vendo uma nova série, que uma amiga me passou. Adolescentes drogados, embreagos, fazendo sexo o dia inteiro e se metendo em confusão. (risos) Sei que você odeia isso, e mesmo assim ainda deita pra assistir comigo. Na verdade você dorme na maior parte do tempo. E como é bom ter você ali, mesmo dormindo. No meu abraço. A série foi uma boa distração, mas nada que cubra a falta que você me faz. Ontem me senti sem nada. Sem amigos, sem emoções, sem família. E lembrei do quanto você acha idiota quando eu falo isso. Porque você adora dizer que o mundo inteiro me ama. Mas, a gente sabe que isso não é verdade, Nick! A gente sabe que são só momentos. Que ora eles estão, ora não. Só que você está o tempo todo, mesmo quando não está. Você está na toalha jogada em cima da cama, na mancha de água no meu travesseiro, no ventilador desligado, nas roupas jogadas ao chão, no silêncio da sala, nos risos contidos no canto dos lábios, nos meus ouvidos, nos meus seios, nas minhas mãos. Não pensei que fosse ser tão difícil abrir mão de você, Nick! Te soltar?! Eu não deveria ter feito isso, não era?! Sua irmã bem que me avisou. "Só saia se for pra fechar a porta pra sempre, Sayonara. Não saia com a intenção de voltar". E eu tinha, Nick! Tinha intenção de voltar a qualquer momento. Intenção de te olhar nos olhos e esperar você ler o que eu tinha no coração. Só que fui perdendo a coragem, fui largando o papel, joguei fora a caneta. Já não me sinto mais no direito de atrapalhar sua vida, muito menos o seu caminho pra felicidade. Nós decidimos, não foi? Decidimos juntos ficar separados. E eu aceitei. Aceitei com dores no peito e lágrimas caindo no pé. Você não. Sempre quis ter sua coragem. Você aceitou como um homem, Nick! Me mostrou as costas e disse "adeus". Eu, boba, menina, chorei. Eu sou uma idiota, não é? Acho que vou continuar sendo, pelo menos por enquanto.




terça-feira, 6 de setembro de 2011

Diá(s)lo(n)gos 2

(...) E ela foi enfática ao gritar que eu podia dizer tudo o que sinto. E eu disse. Gritei tudo o que sinto. E nesse momento um silêncio ecoou pela sala, se alojando nos quadros e paredes amareladas pelo sol. Ela me olhou espantada.

__ Você tem que sentir algo. Frio, calor, pele, carinho. Você não sente carinho?
__ Não. Meu corpo já não responde mais, Aninha. A nada. Hoje só sinto pelo que já não sinto mais.
__ Então, ainda sente alguma coisa, não é?
__ Sentir falta do que se tinha e agora já não tem mais, é sentir o que, Aninha?
__ Sentir saudades, Sayonara.
__ Mas, nem isso sinto mais. Porque saudade eu conheço, mas não consigo encontrar em mim.
__ E onde você tá procurando?
__ No coração.
__ Talvez precise procurar na cabeça, agora.
__ É. Talvez (...)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lembranças?!


"Eu não vou te impedir de partir. Não vou te segurar. Se for isso o que você quer, pode ir. Mas saiba que está acabando com tudo. Tudo o que poderia ter sido. Não haverá segunda chance, ou um futuro próximo. Se você quer mesmo ir, vá. Mas vá para sempre, sem a mínima intenção de voltar. Matarei o amor, da mesma forma que o permiti entrar quando tu chegaste. Você, com um simples passo diante da porta de saída de minha vida, destruirá tudo o que construímos. Espero que esteja consciente. Espero que tu saibas o que está fazendo. Porque, eu nunca dei o braço a torcer, e não é dessa vez que será diferente. Trancarei as portas, e tu jamais terás a chave novamente. Mas, se isso poderá te ajudar, saiba que eu não quero. Não quero que você saia assim, desse modo, sendo que ainda há tantas coisas para vivermos. Não quero que você me deixe, pois nesses últimos tempos, você virou o centro da minha vida. Não estou preparada para apagar qualquer vestígio teu às pressas, como também, não estou com forças o suficiente para me reerguer, caso você decida partir o órgão que tanto prezo. Só te peço, baixinho, sem a intenção de implorar, sem compromisso, nem sequer em tom de desespero. Fique. Fique comigo, até quanto tuas forças cessarem. Fique aqui, do meu lado, até o meu último suspiro. Eu não quero que você se vá. Não quero me desprender. Mas, você sabe, não é? Sabe que se tua decisão for mesmo a de me deixar, não haverá mais volta".

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

(Pós)-lou(cura)


Três coisas que aprendi com a minha última lou(cura):

1 - Shampoo e sabonete são dispensáveis na vida.
2 - Nem sempre quando alguém diz que quer te ajudar, esse alguém realmente está disposto a ir fundo nisso.
3 - Não adianta muito ter um par de pés, se você não sabe para onde deseja guiá-los.

=D