quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Insônia.



Tinham sido fáceis, as noites com a presença dela no meu quarto, mas é que ele estava do meu lado, me dando carinho e tentando me fazer dormir. Ela até havia desistido de me atormentar. Só que, agora, ela voltou. E dessa vez veio mais forte do que nunca, e está me incomodando muito. Acho que é porque estou só. É, deve ser isso.

O problema é que não sei o que faço para poder sonhar, se essa voz insiste em não me deixar dormir. Ela grita, me chama, me atormenta, me incomoda. Me incomoda muito. Não é a primeira vez, muito menos a segunda. Ela não desiste e gosta de me ver rolando de um canto a outro da cama sem conseguir dormir. Me fazendo pensar, pensar e pensar. Mas eu não quero mais pensar. Eu só queria dormir e sonhar. Sonhar que meus sonhos voltaram, que minha cama anda quentinha e aconchegante, como sempre foi. Que minha manhã vai ser ensolarada, e que eu não vou vê-la chegar. Quero que o espetáculo do dia seja uma grande surpresa para mim, e não, que os meus olhos presenciem ele se formando, mesmo que vez ou outra, goste que isso aconteça. Estou cansada de olhar os quadrinhos que formam o meu telhado, e ver que eles só me convidam a caminhar, me mostrando um caminho reto, mas com um monte de obstáculos. Até a minha fadinha, que é encantadora, perdeu todo o seu brilho essa noite. Suas asinhas, de longe, pareciam formar uma lágrima, de tão unidas e quietas. Pedi que ela brilhasse, que me alegrasse, me fizesse companhia, enquanto os meus sonhos chegavam, no entanto, ela não me deu ouvidos e continuou ali, parada, triste, sem me dizer uma só palavra. Acho que ela queria que eu entedesse, que nem as fadas podiam fazer nada por mim, apenas os anjos (o anjo) . E eu entendi. Passei a noite contando os círculos que enfeitam o meu cinto. Acabando e começando outra vez. Desejando não estar só, naquele momento. Porque é muito ruim estar só. Nada de leite morno com chocolate, nem asas longas e quentes, nem abraços apertados, muito menos beijos molhados para me fazer dormir. Nada. Era apenas eu e a camisa branca com alguns números que se somados formam um 9 (e isso me lembra muito ele). Eu conseguia me sentir abraçada por grandes momentos, mas depois o pensamento vinha e nocauteava a minha imaginação.

A noite continuou assim, com uma madrugada muito fria, até que as primeiras luzes começaram a surgir pelo vidro da janela e tocar o meu corpo. Eu levantei, subi, e fiquei sentada na janela, olhando para o horizonte, como costumo fazer, esperando o sol nascer. Só que as luzes eram do dia, e não do sol. Estava tudo nublado, e dias nublados são sempre tristes.

"Meus olhos podem ver você, mas eles não enxergam.

Perdido no relógio, um segundo que não quer passar.

O travesseiro acorda e ri enquanto eu conto os dedos.

E os cabelos que arranquei de tanto desejar,

dormir como uma pedra ." (Capital Inicial)



PS: Feito antes das 9h da manhã.


Nenhum comentário:

Postar um comentário